Festa do Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos (BA) celebra o santo dos garimpeiros
Uma procissão de louvor, que esbanja
alegria e expressa o agradecimento dos garimpeiros pela proteção de seu
padroeiro: trata-se da Festa do Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos, que acontece
entre os meses de janeiro e fevereiro em Lençóis, na Chapada Diamantina (BA). A
pertinência do pedido de registro da manifestação cultural como
Patrimônio Cultural do Brasil foi aprovada. O pedido foi solicitado pela
Sociedade União dos Mineiros, entidade representativa dos garimpeiros de
Lençóis, em 2015, e agora o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan) realiza os estudos necessários para a conclusão do processo e
submissão ao Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural para seu possível
reconhecimento. Este ano, a presidente do Iphan, Kátia Bogéa, e o diretor de
Patrimônio Imaterial, Hermano Queiroz, acompanharão a festividade.
A festa ocorre de 23 de janeiro a
3 de fevereiro, anualmente, em Lençóis, cidade tombada pelo Iphan desde 1973.
Ela se inicia com a lavagem das escadarias da Igreja de Nosso Senhor dos Passos
pelas Baianas, com água de cheiro e flores, no dia 23, seguida pelo período de
novena e com sua culminância na missa solene e procissão de Nosso Senhor dos
Passos pelas ruas do centro histórico, no dia 2 de fevereiro. Ela termina com a
bênção aos garimpeiros na Sociedade União dos Mineiros, no dia 3 de fevereiro.
Os festejos em louvor a Nosso
Senhor dos Passos em Lençóis revestem-se de caráter único, com diferenças
marcantes em relação a outros congêneres no país. A primeira é a data da comemoração,
dia 2 de fevereiro, que nada tem a ver com o calendário litúrgico da Igreja,
porém marca a chegada da imagem de Senhor dos Passos a Lençóis, em 1852. Após
um longo percurso marítimo e fluvial, de Portugal até Salvador, a imagem seguiu
até Cachoeira, no Recôncavo Baiano, de onde percorreu Rio Paraguaçu, e depois
pelo Rio Santo Antônio, até o porto fluvial a cerca de doze quilômetros de
Lençóis. Consta que a imagem foi recepcionada e levada em procissão pelos
garimpeiros até a cidade, onde foi erigida em 1855 uma Capela para abrigá-la.
Outra diferença significativa
singulariza os festejos do Senhor dos Passos, padroeiro dos garimpeiros de
Lençóis: não se trata de procissão fúnebre, mas de louvor alegre e exaltado. A
procissão é acompanhada de marchas e dobrados alegres. As duas canções mais
executadas, o Hino de Senhor dos Passos e a Canção do Garimpeiro, transmitem
regozijo e animação. A festa é um momento de agradecimento e dádiva, e não de
meditação dolorosa. Durante a época do garimpo, era o momento dos garimpeiros
expressarem o agradecimento ao padroeiro pela proteção e pela sorte em
encontrar os diamantes.
O objetivo do Registro é
salvaguardar as tradições da Festa religiosa (alvoradas, novenário e
procissão), que mantém a memória da sociedade das Lavras Diamantinas, e
fortalecer as várias expressões culturais que lhe são associadas: Filarmônica,
Marujada, Reisado, Baianas, Jarê, Capoeira etc.
Riqueza
imaterial
O Estado da Bahia tem bens de natureza imaterial registrados, como é o caso do Samba de Roda do Recôncavo Baiano. Inscrita no Livro de Registro das Formas de Expressão, é uma expressão musical, coreográfica, poética e festiva das mais importantes e significativas da cultura brasileira. Exerceu influência no samba carioca e, até hoje, é uma das referências do samba nacional. O Samba de Roda no Recôncavo Baiano foi inscrito do Livro de Registro das Formas de Expressão, em 2004.
Está presente em todo o Estado da
Bahia e é especialmente forte e mais conhecido na região do Recôncavo, a faixa
de terra que se estende em torno da Baía de Todos os Santos. Em 2005, a UNESCO
reconheceu esse bem imaterial como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade,
o que motivou o Centro Cultural Cartola a analisar os variados estilos de samba
no Rio de Janeiro, originários das reuniões musicais em casa de Tia Ciata, no
Estácio, nas escolas de samba, blocos, morros, ruas e quintais. O samba de roda
é uma das joias da cultura brasileira, por suas qualidades intrínsecas de
beleza, perfeição técnica, humor e poesia, e pelo papel proeminente que vem
desempenhando nas próprias definições da identidade nacional. Tem também o
reconhecimento de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.
Também é possível citar o Ofício das Baianas de
Acarajé, inscrito no Livro de Registro dos Saberes, é uma prática tradicional
de produção e venda, em tabuleiro, das chamadas comidas de baiana, feitas com
azeite de dendê e ligadas ao culto dos orixás, amplamente disseminadas
http://portal.iphan.gov.br/noticias/detalhes/4517/festa-do-nosso-senhor-bom-jesus-dos-passos-ba-celebra-o-santo-dos-garimpeiros
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