Coroação da Virgem. Escultura de Joaquim José de Barros Laborão (1762-1820)
Museu Nacional de Arte Antiga
(MNAA) vai passar a contar, no final da Feira de Arte e Antiguidades de Lisboa,
com uma nova escultura de Joaquim José de Barros Laborão (1762-1820) a
enriquecer o seu acervo. Trata-se de uma representação da Coroação da Virgem,
que será doada à instituição pelo galerista luso-francês Philippe Mendes, que
este ano, e pela primeira vez, marca presença na feira da capital portuguesa. A
feira, que reúne 21 antiquários e galerias, é inaugurada esta sexta-feira às
18h (só para convidados) e dura até 15 de Maio.
Philippe Mendes vai também
oferecer ao Museu da Cidade um quadro de Alexandre Raulin, de 1847, que
representa uma vista do claustro do Mosteiro dos Jerónimos, que pode ser
apreciado igualmente na feira.
Sobre a escultura de Barros
Laborão, Philippe Mendes afirma que se “trata de uma peça fundamental do
barroco português e que é importante para a história da arte portuguesa”,
associando-se assim de novo ao MNAA depois de ter desempenhado um papel de relevo
na angariação de apoios para a campanha Domingos Sequeira, nomeadamente na
intermediação com a Fundação Aga Kahn. Barros Laborão fez, por exemplo, as
esculturas que se encontram no vestíbulo do Palácio Nacional da Ajuda.
“Estamos muito contentes com a doação
de Philippe Mendes”, disse ao PÚBLICO o director do MNAA. António Filipe
Pimentel conta que o museu “ambicionava adquirir” esta peça de Barros Laborão,
quando se soube que ela iria ser leiloada em Lisboa. “Mas, na altura, estávamos
totalmente centrados na campanha Domingos Sequeira, da qual não podíamos
divergir, e não tínhamos nenhuma capacidade para a adquirir”, acrescenta,
confirmando a importância da obra de Barros Laborão no contexto do barroco
português, em que foi “o grande escultor a seguir a Machado de Castro, de quem
foi discípulo”.
Pimentel diz que esta Coroação da
Virgem irá acrescentar-se a outras peças do mesmo autor já no acervo do MNAA,
nomeadamente os dois presépios de S. Vicente de Fora e dos Marqueses de Belas,
que preencherão o percurso que antecede a Capela das Albertas.
Philippe Mendes, galerista
estabelecido no centro de Paris desde 2007, acaba de criar, com outra
luso-descendente, Paola Vieira, a Associação Luso-Patrimonio, com o objectivo
de “proteger, valorizar e divulgar a arte portuguesa em França e na Europa”.
Foi Mendes que doou uma Josefa de Óbidos ao Museu do Louvre, Maria Madalena
confortada pelos Anjos, comprada num leilão da Sotheby's por 238.615 euros.
Outra iniciativa desta
associação, e que será divulgada em parceria com o MNAA na Feira de Arte e
Antiguidades de Lisboa, é a campanha Uma obra, um mecenas, que conta já com o
apoio mecenático luso-francês para a recuperação de dez de 16 peças que se
encontravam degradadas nas reservas do museu, e que a partir de Julho aí serão
expostas ao público.
Nesta sua primeira presença na
feira de Lisboa, Philippe Mendes vai apresentar um conjunto de obras dos
séculos XVI a XIX. “Fizemos uma selecção criteriosa, ao nível dos grandes
salões internacionais, para mostrar que em Lisboa podemos apresentar obras de
alta qualidade, e que a cidade, à imagem do seu MNAA, pode estar ao mesmo nível
das grandes capitais europeias”, diz o galerista.
https://www.publico.pt/2016/05/05/culturaipsilon/noticia/galerista-lusofrances-doa-escultura-barroca-ao-museu-de-arte-antiga-1731063
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